Friday, April 27, 2007

Quando o MP3 é sinônimo de MPE



O Projeto chama-se Música do Brasil e está gerando em um ano, US$2,6 milhões com exportação. Programa apóia participação de gravadoras independentes em feiras internacionais
Executado pela ABMI, BM&A e Associação Brasileira de Gravadoras de Disco (ABGI), em parceria com o Sebrae, a APEX-Brasil e o Ministério da Cultura. O projeto pretende beneficiar toda a cadeia produtiva da música brasileira e preparar nossas empresas musicais para trabalharem com o mercado internacional.
Surgido em junho de 2005, o programa está gerando, em um ano, cerca de US$ 2,6 milhões com exportação e tem meta de aumentar em 50% o número de empresas com mais de 10% de seu faturamento advindo de exportações. Está previsto também o crescimento de 10% no número de países que importam CDs e DVDs brasileiros, tanto o produto físico como o licenciamento de faixas e conteúdo.
De acordo com o gerente do projeto, Michel Nicolau, essas metas infelizmente não podem ser comparadas com dados de anos anteriores pela simples ausência de banco de dados. “Agora é que estamos envolvidos em pesquisas e indicadores que nos permitirão avaliar o crescimento daqui por diante”, avalia.

Loja de música a R$ 1,99
Felipe Llerena é uma prova de que o mercado fonográfico atual não se contenta em fazer negócios com o formato de disco tradicional. Pelo contrário, a cada dia crescem as possibilidades de comercialização dedicada ao MP3 (o formato mais conhecido de arquivo para audiodigital), seja para licenciar músicas para aparelhos de telefone celular, seja para trilha sonora de games, entre outros serviços. Nesse sentido, o MP3 pode ser sinônimo de Micro e Pequena Empresa (MPE).
Llerena dirige dois empreendimentos de pequeno porte: o selo Nikita e o site IMúsica (www.imusica.com.br). Com cerca de 20 títulos, o Nikita se propõe a lançar discos da chamada música brasileira de raiz, a exemplo da Velha Guarda da Mangueira e o Trio Nordestino. E também produz CDs de música eletrônica autoral, como a banda DuSouto e o projeto BoTECOeletro.
Já o portal IMúsica é o primeiro provedor de música digital da América Latina, em que o internauta paga para baixar músicas de uma imensa variedade de artistas do Brasil e do mundo. Os preços variam. As canções dos novos lançamentos de Marisa Monte (Universo ao Meu Redor e Infinito Particular), por exemplo, custam R$ 2,99 cada faixa. O mesmo preço custa o download de músicas de Madonna, peças clássicas de Mozart ou standards do jazzista John Coltrane. Mas há inúmeros itens a R$ 1,99, como Cazuza, Sandra de Sá e Margareth Menezes.
A partir do Midem 2006, o empresário começou a negociar o catálogo do IMúsica para os dez mais importantes portais de venda de música on-line do mundo. “Tudo ainda está no começo, mas estou animado”, comenta. Durante a feira, o empresário representou o Brasil como conferencista no MidemNet (dia de conferências que antecede o Midem e que tem como foco a distribuição digital). Na palestra “Emerging Digital Markets – A Visit to China, India and Brazil”, Felipe Llerena colocou o Brasil como um dos mercados emergentes em distribuição digital.
Resultados do Midem 2006
Resultados do Midem 2006
O portal IMúsica é apenas um exemplo de êxito na França. Por enquanto, o Midem 2006 é um dos maiores trunfos do projeto Música do Brasil. O estande montado no local teve uma participação recorde de empresas brasileiras: 22, entre selos, gravadoras, profissionais de mídia digital e sociedades arrecadadoras de direitos autorais. Os resultados que essas empresas demonstram são expressivos.
Pela contabilidade do gerente do projeto, Michel Nicolau, foram gerados US$ 234.500,00 em negócios assinados durante a feira, tendo como expectativa a geração de US$ 1,8 milhão nos próximos meses. “Os países com os quais o Brasil mais fechou negócios nesse período foram Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Canadá, Coréia do Sul, Japão, Holanda, Estados Unidos, Taiwan, Rússia, Portugal, Argentina, Austrália, Suíça, Áustria, Cingapura, Israel, Hong Kong e Dinamarca”, enumera.
Segundo Nicolau, pela primeira vez o Brasil teve um representante convidado como conferencista, a exemplo de Felipe Llerena, diretor da iMusica. Também entre as empresas independentes do mundo, o Brasil é destaque. No encontro que marcou o lançamento da WIN – Worldwide Independent Network –, que vem a ser a coalizão de associações de independentes de todo o mundo, o Brasil esteve representado pelo presidente da ABMI, Carlos de Andrade.
Como empresário, Carlos Andrade é dono da pequena gravadora Visom Digital, que existe há 20 anos e tem catálogo de 64 discos. Em paralelo à gravadora, Carlão, como é conhecido pelos colegas de profissão, tem uma longa trajetória no campo da engenharia de som. “Fui um dos primeiros a ter diploma na minha especialização. Minha empresa é a única do Brasil a produzir o chamado DVD áudio e o Superáudio CD”, afirma.
Com esse currículo, Carlão fechou um maravilhoso negócio de exportação durante o Midem 2006, que consiste em restaurar o grandioso acervo de música erudita Kremlin. “Meu papel será restaurar o acervo e enviá-lo para a Holanda, que fará a distribuição. Ao mesmo tempo, com essa mesmo material restaurado, eu farei distribuição no Brasil e exportarei para os Estados Unidos. Em termos financeiros, só o serviço de restauração me renderá US$ 85 mil. As demais atividades envolvendo esse acervo vão gerar em torno de US$ 2,5 milhões”, contabiliza.
Carlos de Andrade acredita que, em termos de exportação, esse deve ser um dos grandes caminhos do Brasil daqui para frente. “Precisamos investir e insistir nesse mercado, que exporta inteligência, e não commodities. Nesse sentido, é sempre bom lembrar que os países do Primeiro Mundo vendem o que pensam. Já os países industrializados vendem o que fazem, enquanto os países emergentes vendem o que colhem”, frisa.
Catálogo e CD interativo
Catálogo e CD interativo
Na feira da França deste ano, a principal contribuição do Sebrae foi a confecção de dois catálogos. Um deles foi produzido especialmente para a feira, com 46 páginas, incluindo perfil de todas as gravadoras participantes, com foto de capas e sinopse de discos. O segundo catálogo é mais amplo, com 84 páginas e 38 gravadoras.
Folheando o material, fica evidente a riqueza musical produzida atualmente no Brasil. O catálogo abriga, por exemplo, o selo Albatroz, do produtor Roberto Menescal, dedicado à produção atual da bossa nova, junto à gravadora Trama, pertencente ao filho da cantora Elis Regina, João Marcelo Bôscoli, e que, entre vários títulos, tem em seu acervo nomes do mangueeat recifense, como Nação Zumbi, Otto e a cantora Gal Costa.
O Sebrae também apoiou a produção de um CD interativo com as mesmas gravadoras do catálogo citado, com contato dos produtores e uma mostra com 54 músicas. “Esses catálogos realmente são ferramentas importantes porque quanto mais as gravadoras tiverem oportunidade de divulgar seus trabalhos, mais chances terão de exportar”, afirma Miguel Gonzalez, gerente de vendas internacionais da Biscoito Fino.
Música do Brasil ganha portal na Internet
Música do Brasil ganha portal na Internet
O toque do Sebrae se encontra ainda na confecção do Portal Música do Brasil http://www.musicadobrasil.org.br/brasil/index.php, que foi lançado oficialmente durante a 2ª Feira Internacional de Música Independente, em Brasília. Para o empreendedor que se interessa por exportação de música, o portal representa uma ótima fonte de conhecimento, disponibilizando uma série de estudos e dicas.
O Manual do Exportador, por exemplo, dá informações sobre potencial exportador, planos de negócios, documentos exigidos na atividade exportadora, seguro de transporte, câmbio, licenciamentos, formação de preço de exportação, uso do Exporta Fácil dos Correios, entre outros dados. No item Mercado Mundial, já se encontram disponíveis dois estudos sobre o Japão e a Argentina.
Publicado pela Recording Industry Association of Japan (RIAJ), o relatório do Japão exibe os números de venda do mercado japonês no ano de 2004, incluindo dados sobre países que exportam música física (CDs) para o Japão. O Brasil consta da lista, com uma participação pequena, deixando à mostra um mercado a conquistar.
Já o texto sobre a Argentina, publicado pela Secretaria de Cultura do Governo da Cidade de Buenos Aires, aborda as pequenas e médias gravadoras de Buenos Aires, retratando uma situação de mercado com pontos em comum com a brasileira. Além desses países, em breve o portal vai oferecer estudos sobre vários mercados internacionais.
É claro que o site é repleto de informações sobre shows, eventos, feiras internacionais, links variados e um banco de dados sobre as principais gravadoras nacionais e internacionais.
Logomarca Música do Brasil
A propósito a logomarca Música do Brasil, criada pela agência W Brasil, do publicitário Washington Olivetto.
O briefing foi fornecido pelos coordenadores do projeto Música do Brasil. Um dos pilares seria construir uma imagem diferenciada da música brasileira no exterior, que não se confundisse com a world music, mas que se caracterizasse por sua qualidade e sua diversidade.
De acordo com o diretor de arte da W Brasil, Fabio Meneghini, o briefing da marca deveria representar o Brasil no mundo. “Eu uni na marca símbolos nacionais, como as curvas do calçadão de Copacabana e as cores do Brasil, ao mesmo tempo remetendo às ondas sonoras.
Matéria extraída do site do sebrae.
Alvaro Augusto - Produtor Cultural e Advogado.
Matéria postada em 27 de abril de 2007.

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