Wednesday, February 21, 2007

Ao Vivo no Village Vanguard

Na porta há um toldo vermelho, com o nome do lugar em letras brancas, facilmente reconhecível por qualquer um que tenha um mínimo de intimidade com o jazz. Lá dentro - depois de descer uma escada de 15 degraus - são exatos 123 lugares voltados para um palco tão modesto quanto histórico.
O Village Vanguard, que abrigou de John Coltrane a Lenny Bruce, de Miles Davis a Woody Allen, de Woody Guthrie ao andarilho Joe Gould, ganha uma biografia escrita por quem mais entende de Village Vanguard: Max Gordon, seu fundador e - até a sua morte em 1989. Atualmente comandado pela viúva de Gordon, Lorraine, o Village Vanguard continua aberto e mantém o alto nível da programação.
O livro "Ao Vivo no Village Vanguard (CosacNaify, 232 páginas)", recupera através da memória do fundador do local, alguns dos momentos mais expressivos do que foi feito musicalmente em Nova York durante mais de cinco décadas. A casa fundada por Max Gordon em 1934, é exaltada em 19 textos em que o autor não apenas recupera sua convivência com alguns dos gigantes do jazz como também mapeia a história do show business e da vida cultural nos Estados Unidos desde a década de 1930.
Essa evolução foi acompanhada de perto por Gordon, que nasceu na Lituânia em 1903 e veio, ainda criança, com a família para os Estados Unidos. Adolescente, já freqüentava os bares e outras espeluncas do Village. Assim, pareceu-lhe natural abrir um local onde pudesse reunir os amigos e abrir espaço para jovens escritores, poetas, músicos e comediantes.
O reconhecimento foi infinitamente superior ao que Gordon esperava e o Village Vanguard virou sinônimo de programação de qualidade. Mais: Max Gordon conseguiu se transformar num dos poucos donos de casas noturnas respeitados pelos músicos. Até os de convívio mais difícil - como Charles Mingus e Sonny Rollins - faziam questão de abrir espaço nas agendas para se apresentar no Village Vanguard. E foi da convivência com os músicos que Gordon aperfeiçoou o sentido de improviso.
Assim, o livro reproduz o clima dos mais de 100 discos gravados no local e ainda conta com o crítico Nat Hentoff na introdução do livro de "Ao Vivo no Village Vanguard", que traz um ensinamento fundamental: Escrever é sentir um ritmo e depois se deixar levar por ele.
Mais uma dica de um livro para os amantes do Jazz.

Livro - Ao Vivo no Village Vanguard
Autor: Max Gordon
Editora – Cosac Naify
Alvaro Augusto - Produtor Cultural e Advogado.
Matéria postada em 21 de fevereiro de 2007.

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