O compositor Flo Menezes, lança novo livro, ataca o nacionalismo brasileiro e critica o culto a Villa-Lobos
Flo Menezes, nascido em 1962, é um dos criadores mais representativos da música erudita brasileira atual, com obras constantemente executadas em diversos centros de música contemporânea do país e da Europa. Filho do poeta Florivaldo Menezes -identificado com os concretistas Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari- e irmão do poeta Philadelpho Menezes (1960-2000), desde adolescente viveu ambiente propício para a trajetória que seguiu.
Ele caminha com desenvoltura singular entre a elaboração teórica -em 1987 desponta com “Apoteose de Schoenberg” (Nova Stella/Edusp; a segunda edição é de 2002, pela Ateliê Editorial)- e a criação: compositor premiado pela Unesco em Paris, em 1989, pela Trimalca em Mar del Plata, em 1993, e vencedor do prestigioso Prix Ars Electronica de Linz, Áustria, com a obra eletroacústica “Parcours de l´Entité”, em 1995.
Aluno de Willy Corrêa de Oliveira na USP entre 1980 e 1985, em seguida deixou o Brasil por quase dez anos, momento em que estudou com os renomados Pierre Boulez e Luciano Berio. Em 1992 doutorou-se pela Universidade de Liège (Bélgica), com tese orientada por Henri Pousseur, que logo ganhou reputação internacional e que versa sobre a história da música eletroacústica.
De volta ao Brasil em 1992, fixou-se como professor de composição na Unesp, onde fundou o Studio PANaroma de Música Eletroacústica e criou o Cimesp (Concurso Internacional de Música Eletroacústica de São Paulo) e a Bimesp (Bienal Internacional de Música Eletroacústica de São Paulo).
Estudioso disciplinado, rigoroso e com visão polimática dos diversos aspectos da história da arte, senhor de escrita tão sedutora quanto vigorosa e com posições “fortes” sobre as controvérsias que envolvem a criação artística, ele publica agora o caudaloso “Música Maximalista: Ensaios Sobre a Música Radical e Especulativa” (Editora Unesp, 548 págs.), que cobre um percurso teórico iniciado pouco mais de 20 anos atrás.
Na entrevista a seguir, Flo Menezes fala da questão da compreensão técnica da música e de sua posição antinacionalista. Para ele, “todo nacionalismo beira o caquético. Mas o nacionalismo brasileiro, além desse seu aspecto conservador, apresenta-se como anacrônico, condizente com a ditadura de Vargas.”
O compositor também dispara contra o culto nacional à Villa-Lobos: “É-se forçado, aqui, a venerar Villa-Lobos como um gênio nacional, quando na verdade trata-se de um compositor de talento e autor de algumas obras muito boas, mas igualmente de uma grande quantidade de obras medíocres, cujo número ultrapassa, de longe, os feitos bem-sucedidos”.
Para ver a entrevista na integra acesse o site da uol abaixo.
Alvaro Augusto - Produtor de Eventos
Matéria postada em 31 de março/08.
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