Especialistas debatem o futuro dos eventos
Guerra por talentos, sustentabilidade, comunidades globais e eventos presencias estão no topo das características que vão traçar o futuro do segmento
Pense no futuro. Faça uma releitura do passado, analise as ferramentas do presente e tente traçar um destino tangível sobre o mercado de eventos para os próximos anos. Um trabalho tão capcioso quanto necessário para que a indústria acompanhe os passos das oscilações mundiais e continue se antecipando diante das próximas tendências. O que você desejava saber a uma década atrás, que está maculando os seus negócios hoje? E com base nisso, o que você precisa saber hoje, que vai macular os seus negócios na próxima década? Não temos como precisar com exatidão como será o futuro. Mas podemos, certamente, ajudar a construí-lo.
Houve um tempo em que o advento da tecnologia trouxe medo e preocupação para muitos organizadores de eventos. Temia-se que as vídeo-conferências selassem o fim dos encontros presencias e que a internet se transformasse numa fonte única e insubstituível de informações. Esse tempo perecível que imiscuía entre tantas incertezas parece ter se dissipado na mesmo velocidade com que surgiu. Se antes não sabíamos como seria lidar com tantas inovações, hoje não nos imaginamos sobrevivendo sem elas. De vilã passou a ser protagonista. De inimiga se transformou em aliada. Isso porque, segundo Bruce Mac Millan, presidente do MPI – Meeting Professional International, maior entidade sobre a indústria de eventos no mundo -, nada substitui os eventos face-to-face, nem mesmo o alto refinamento tecnológico.
“Vejo um futuro cada vez mais globalizado e intimamente ligado aos recursos digitais, mas uma coisa não anula a outra. O fato de estarmos caminhando rumo ao desenvolvimento de ferramentas antes inimagináveis, não faz com que eventos presenciais percam a popularidade. A necessidade de reunir pessoas e trocar experiências nunca esteve tão intrinsecamente ligada ao ser humano. E os destinos, tendo em vista a proficuidade desta indústria, nunca se prepararam tanto para atender esta grande demanda. Indubitavelmente, as aplicações de capital no setor não param de crescer”, conta.
A pujança dos investimentos aos quais Bruce se refere está desenhada em números e espraiada por centenas de localidades no mundo. Singapura é um exemplo. Até 2011 o país vai precisar da mão de obra de mais de 70 mil profissionais de eventos. Período em que a região deve atingir a marca dos 2,1 milhão de m2 em centro de convenções e 10 mil novos leitos divididos em dois resorts interligados. Las Vegas segue a mesma tendência. Vai abrigar 46 mil novos leitos e 4,8 milhões de m2 em espaço para eventos até 2012. Isso sem falar em Dubai, Melbourne, Macau, Vancouver, China e India.
“Tantos investimentos só têm uma explicação: o mercado de eventos gera resultados”, conta Bruce, ao lembrar que um estudo realizado pela Fundação MPI, no início deste ano, revelou que o setor de eventos gera um ROI – Retorno Sobre o Investimento-, superior que em qualquer outra plataforma de marketing ou comunicação.
A necessidade do contato físico-presencial e a importância do compartilhamento de informações estão tão em evidência, que tem se registrado, nos últimos anos, um aumento expressivo no número de pessoas que participa de eventos e se torna membro de entidades. Nem as crises globais, a alta do petróleo ou a instabilidade econômica parecem ser capazes de frear esse mercado. A reunião de todos esses fatores não foi suficiente para diminuir o número de pessoas que esteve em Las Vegas, entre os dias 09 e 12 de agosto deste ano, durante o WEC - World Education Congress -, evento anual do MPI que tem como escopo não apenas tornar a indústria de eventos mais palatável para seus membros, como também desenvolver e capacitar esses profissionais para o futuro do setor. O WEC atingiu em 2008 um número recorde: 4,467 mil participantes, 800 a mais do que no ano passado.
Para Didier Scarllet, vice-presidente do Desenvolvimento Global da Entidade, a alta nos índices de freqüência revela que a indústria de eventos está se tornando uma comunidade cada vez mais globalizada, com ramificações em quase todos os cantos do mundo. Fato defendido por ele como a nova tendência da indústria.
“Daqui há dez anos teremos comunidades cada vez mais entrelaçadas e envolvidas com entidades educativas. A prova está na fácil penetração atingida pelo MPI nas centenas de regiões onde atua, principalmente as emergentes. Os número de membros da entidade sediados na Europa, Oriente Médio e África está crescendo 18% ao ano e todas as semanas recebemos pedidos para a criação de um novo capítulo. Nosso braço sueco alcançou mais de 45% de crescimento em 2007, se solidificando como a região com maior ascensão. A França está atraindo cada vez mais jovens através de parcerias com universidades, e na América do Sul quem brilha é o Brasil, que criou o seu capítulo numa velocidade inimaginável e conquistou mais de 50 membros em apenas alguns meses”, comemora.
War for Talent
Enquanto a injeção de recursos no campo dos eventos segue vertiginosa, o mercado de mão de obra especializada parece saltitar na contramão desse fluxo. Especialistas alertam: vai haver escassez de profissionais a longo prazo. Isso porque, segundo Bruce Mac Millan, não há tempo hábil para capacitar tantos talentos. “Por mais que investimentos em pessoas sejam feitos, não serão suficientes para alcançar os passos lépidos que já foram dados pelo setor. Para que tivéssemos um equilíbrio entre oferta e demanda deveríamos ter pensado neste cenário há alguns anos atrás”, lamenta.
Apesar do ardiloso caminho que ainda deve enfrentar para colher os frutos dos bons investimentos em mão de obra, a indústria já tem o que comemorar. “Em algumas regiões já existe faculdade especifica para o setor. Estudantes do Arizona e Singapura, por exemplo, já podem escolher a arte de fazer eventos como profissão. Dos 24 mil membros do MPI, cerca de 2 mil são universitários e temos de estar atentos a esta parcela, ainda em crescimento. Nos próximos anos vamos registrar saltos significativos nessa indústria. Só Dubai, em 2011, vai sediar mais de 1 milhão de m2 em espaço para eventos e quem vai trabalhar nisso? Vamos presenciar uma guerra que está prestes a eclodir: a guerra por grandes talentos”, reitera.
The World is Green
Há alguns anos, promover eventos e zelar pelo meio ambiente eram duas realidades heterogêneas. Hoje a palavra 'sustentabilidade' soa latente pelos alicerces dos grandes meetings mundiais. Negligenciar a natureza está fora de moda e as empresas que ainda não levantaram a bandeira do verde podem ter sua imagem profusamente comprometida.
Ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. O tripé do almejado Desenvolvimento Sustentável deixou de ser utópico e tornou-se prático. A aplicabilidade dessas facetas está se tornando cada vez mais fácil através da ajuda de empresas especializadas em eventos saudáveis. “Já estamos vivenciando o boom de consultorias que prestam este tipo de apoio e ensinam a realizar meetings menos prejudicais ao meio ambiente”, afirma Didier Scarllet, ao citar a empresa europeia BSI British Standards como exemplo.
“Em abril deste ano realizamos uma conferência do MPI em Londres, em que um dos objetivos era discutir os impactos dos eventos no planeta. Com a ajuda da consultoria pudemos medir o quanto gastamos e o quanto poderíamos reciclar. O relatório desses indicadores, incluindo quantidade e tipos de resíduos, consumo de água e energia elétrica, número de pessoas beneficiadas pela iniciativa e quantidade de empregos gerados, será utilizado como referencial para o aperfeiçoamento sustentável dos próximos eventos”, revela.
Apesar das preocupações com o planeta e de todos os esforços que estão sendo feitos para preservá-lo, existe um fator que, segundo Patrick Dixon - futurista e pensador britânico -, é o mais nocivo e o mais difícil de ser evitado: “os combustíveis que são colocados em automóveis e em aviões para levar e trazer os participantes de eventos”. Na opinião do especialista - autor de mais de dez obras sobre tendências e negócios - , a redução da emissão desses gases ainda é um desafio, já que o mercado de eventos “parece ser imperecível”. “ O que muitas empresas estão fazendo é realizar os meetings em locais onde a maioria dos participantes reside. Assim evita-se o entra e sai de pessoas e o aumento considerável de consumo dos combustíveis”.
Sobre o futuro dessa tendência, Bruce Mac Millan é enfático ao afirmar: “se o planeta precisa de cuidados, vamos lutar por sua saúde. Se as novas tecnologias requerem aperfeiçoamento técnico, vamos nos moldar para isso. Se o mundo der muitas voltas, vamos acompanhar os seus passos. O que não vamos, certamente, é deixar este mercado esmorecer.
Sobre o MPI
O MPI - Meeting Professionals International – é a maior entidade da indústria dos eventos no mundo e atualmente possui mais de 24 mil membros e 69 capítulos. Todos os anos a comunidade realiza um encontro anual, chamado de World Education Congress, onde são debatidas as mais atuais ferramentas do setor. A delegação brasileira presente no WEC 2008 foi composta por sete membros, o maior número já registrado. Entre os presentes estavam, Ricardo Ferreira (presidente do Capítulo Brasileiro do MPI), Beth Wada (Diretora Executiva do MPI Brasil), Ivonete Bombo (Absoluta Eventos), Miguel Matarra (Absoluta Eventos), Igor Tobias (Tour House), Ricardo Buckup (B2), Alexandre Nakagawa (Embratur) e Vanessa Baldacci (Eventos Expo Editora).
Artigo extráido do site Revista de Eventos
Vanessa Baldacci - Editora da matéria.
Alvaro Augusto Macedo.
Matéria postada em 22 de agosto/08.
1 Comments:
Alvaro, você só esqueceu de citar a autora da matéria.
Obrigada
Vanessa Baldacci
feiras@revistaeventos.com.br
1:05 PM
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